labirinto
Te ver indo embora
é como ficar na ponta da sapatilha
no vão de uma sacada sem muros.
Me despeço de você
Como uma fada sem asas
Precisando que seja
O último tombo
A última catarse
O último gole
A útlima tosse
o último engasgo.
Amores fracassados são quase uma especialidade,
minha garganta fechando a cada grito,
Enterrando o perdão ainda vivo na fatalidade.
Eu serei sempre aquela que te buscaria na beira da escada
Pra que você não tropeçasse em vitrais cortantes
Aquela que alcançaria o chá quando seu seu estômago está ruim,
Seria uma conjugação verbal aleatória pra que tempos não existissem
E você não pudesse mais ir…
Corro da minha sombra no deserto;
E peço
aos miseráveis espiritos baixos
que perdoem
minha covardia.
Te amar é como dissecar veias em busca do último suspiro,
Como secar na areia
desidratando sem desígnio.
Te amar é bater asas desafiando o tempo e os segundos e a eternidade,
E morrer no agora para renascer num mar de sobriedade.
Sinto que a ampulheta do tempo deseja
eu-não-mais-te-querer.
Sinto que minha face – agora-corada-de-choro
Pode escorrer…
Como água que corre rio afora
Deixo-te passar.
Mesmo assim
me
dói
a
pele
des-cas-ca-da
por
dentro.
Deixo a alma partir
Nesse vento escasso,
Não-querer-que-você-vá
É sempre o último compasso
E o meu único fim.